quinta-feira, junho 29, 2006

O ACENDEDOR DE LAMPIÕES


O ACENDEDOR DE LAMPIÕES

Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita: —
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!

Jorge de Lima.

ILUSTRAÇÃO DE GABRIEL FERREIRA PARA O POEMA O ACENDEDOR DE LAMPIÕES DE JORGE DE LIMA. ACRÍLICO S/PAPELÃO PARANÁ. 2005

MAÇÃ


MAÇÃ

Por um lado te vejo como um seio murcho
Pelo outro como um ventre cujo umbigo pende ainda o cordão placentário
És vermelha como o amor divino
Dentro de ti em pequenas pevides
Palpita a vida prodigiosa
Infinitamente
E quedas tão simples
Ao lado de um talher
Num quarto pobre de hotel.

Manuel Bandeira.

ILUSTRAÇÃO DE GABRIEL FERREIRA PARA O POEMA MAÇÃ DE MANUEL BANDEIRA. ACRÍLICO S/PAPELÃO PARANÁ. 2005

OS GATOS


OS GATOS

Os amantes febris e os sábios solitários
Amam de modo igual, na idade da razão,
Os doces e orgulhosos gatos da mansão,
Que como eles têm frio e cismam sedentários.

Amigos da volúpia e devotos da ciência,
Buscam eles o horror da treva e dos mistérios;
Tomara-os Érebo por seus corcéis funéreos,
Se a submissão pudera opor-lhes à insolência.

Sonhando eles assumem a nobre atitude
Da esfinge que no além se funde à infinitude,
Como ao sabor de um sonho que jamais termina;

Os rins em mágicas fagulhas se distendem,
E partículas de ouro, como areia fina,
Suas graves pupilas vagamente acendem.

Charles Baudelaire

Tradução de Ivan Junqueira

ILUSTRAÇÃO DE GABRIEL FERREIRA PARA O POEMA OS GATOS DE CHARLES BAUDELAIRE. ACRÍLICO S/PAPELÃO PARANÁ. 2005

SEXTA (FEIRA) SANTA



SEXTA (FEIRA) SANTA

SÉRIE CAPOEIRAGEM

AST (120X100)cm

quarta-feira, junho 14, 2006

O BANHO DAS NEGRAS


ILUSTRAÇÃO PARA O POEMA O BANHO DAS NEGRAS DE JORGE DE LIMA. ACRÍLICO/TELA. 2005. GABRIEL FERREIRA

terça-feira, junho 13, 2006

ENTRE DOIS MANDINGUEIROS

ENTRE DOIS MANDINGUEIROS
SÉRIE CAPOEIRAGEM
AST (50x40)cm. 2005

segunda-feira, junho 12, 2006

PROCISSÃO

ILUSTRAÇÃO PARA A CANÇÃO PROCISSÃO DE GILBERTO GIL. ACRÍLICO SOBRE RETALHOS DE TALA COLADOS EM EUCATEX. GABRIEL FERREIRA. 2005.

Olha lá vai passando a procissão
Se arrastando que nem cobra pelo chão
As pessoas que nela vão passando
Acreditam nas coisas lá do céu
As mulheres cantando tiram versos
Os homens escutando tiram o chapéu
Eles vivem penando aqui na terra
Esperando o que Jesus prometeu
E Jesus prometeu vida melhor
Pra quem vive nesse mundo sem amor
Só depois de entregar o corpo ao chão
Só depois de morrer neste sertão
Eu também tô do lado de Jesus
ó que acho que ele se esqueceu
De dizer que na terra a gente tem
De arranjar um jeitinho pra viver
Muita gente se arvora a ser Deus
E promete tanta coisa pro sertão
Que vai dar um vestido pra Maria
E promete um roçado pro João
Entra ano, sai ano, e nada vem
Meu sertão continua ao deus-dará
Mas se existe Jesus no firmamento
Cá na terra isto tem que se acabar

terça-feira, junho 06, 2006

GLORIOSO SANTO ANTONIO


Esta tela (Glorioso Santo Antonio - acrílico/eucatex – 2004) foi inspirada nas festividades tanquinhenses em louvores a Santo Antonio de Pádua. Padroeiro da pequenina cidade, da qual emergem fervorosas crenças, ele arrasta consigo, “montado” em seu andor, devotos emocionados pela passagem do seu dia. O Bando Anunciador abriu várias alvoradas empurradas por bandinhas regidas por Mestre Nilo, João Bombeiro, Tazinho, Dió, Sr. Duquinha, Sr. Zeca, Paulo e muitos outros. Em Tanquinho as comemorações sempre foram grandiosas desde o primeiro dia do Trezenário até o desfecho final deste no dia 13 de junho.
A expressão da tela acima, reúne elementos da cultura local, contornados pelas características das ilustrações das capas dos livretos de literatura de cordel, típico do nordeste brasileiro. Como Tanquinho é nordeste, a sensação de embriagues, dado o cheiro da chuva, me faz retornar à minha terra e homenageá-la com este trabalho.
FOTOGRAFIA DE UEDSON LIMA

segunda-feira, junho 05, 2006

SAMBADEIRAS


SAMBADEIRAS. Em homenagem às mulheres trabalhadoras que deságuam a sua alegoria em terreiros de barro batido após a labuta diária, ao som de pandeiros e tambores bem encourados.
Elas aqui, em azuis sobre tela, representadas na temática Capoeiragem no ano de 2005.

quinta-feira, junho 01, 2006

ERÊ


erê - Gabriel Ferreira (ast-2005)